segunda-feira, 8 de março de 2010

Gilberto Dimenstein na Folha e a ascensão da "Classe C"

http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/gilbertodimenstein/ult508u703693.shtml

Leia a coluna do Gilberto Dimenstein na Folha que fala mais uma vez sobre a ascensão das classe C,D e E (como é chamado corporativamente o nosso povo).

É fato que as empresas privadas estão reconhecendo a necessidade de se relacionar com estes "novos" consumidores e que a forma de lidar/comunicar/relacionar é completamente diferente da elite (que sempre foi o foco das empresas).
Enquanto a relação com o centro expandido representado pela A/B é mais fria, com a "quebrada" o buraco é mais embaixo.
É necessário estabelecer uma relação de confiança, de entendimento daquele universo, de valorização da cultura local, popular e, principalmente, respeitar o ambiente, a essência, a raiz destas pessoas.
Só assim é possível criar uma relação comercial rentável e de sucesso tanto para as empresas quanto para estes consumidores, que não se atraem por posicionamentos glamurosos. Preferem que ações promocionais e de marketing valorizem as iniciativas já existentes nas comunidades.
Vou dar um exemplo: pra "quebrada" uma tenda com tapete vermelho e ar condicionado que abrigue eventos "tem menos valor" do que fortalecer o circuito cultural já existente, como as quermesses, os saraus, os campeonatos de futebol de várzea, etc.
Os rios que dividem São Paulo em regiões e classes sociais criaram lógicas e diferenças bem peculiares. A zona sul de São Paulo tem características de comportamento e consumo diferentes da zona leste e assim por diante. Um exemplo disso é a zona norte, região onde o samba é consumido em larga escala, também a área que abriga a maioria das quadras de escolas de samba de São Paulo.
Portanto, se voce quiser falar com o povo e aproximar sua marca destes consumidores, leve em consideração que estas pessoas se interessam mais pelo universo delas do que pelo seu. E que o jogo de futebol de várzea deste final de semana é bem mais "da hora" do que ir pro centro assistir uma peça ou exposição (mesmo que gratuita).
Mas isso não quer dizer que o povo não goste do que é bom.
Vamos esclarecer alguns mitos:
- Usar Nike e Adidas faz o cara se sentir inserido na sociedade (é o que a mensagem subliminar do sistema vende), então, ele vai ralar e gastar todo seu salário num tênis original. E vai sim usar Billabong e Oakley ou Ecko (originais). Porque a rapaziada é exigente e gosta de qualidade.
- Você encontra vários equipamentos (Tvs de LCD, computadores, celulares high tech, etc.) em casas populares hoje em dia, mesmo que os produtos tenham sido comprados em longas e eternas prestações em lojas como Casas Bahia.
Se a situação econômica do nosso povo tá melhorando, as pessoas estão com condições melhores de vida, o estudo e a busca por informações não ficam atrás. Pois quem lê e estuda mais, se articula melhor, dialoga melhor e adquire mais conhecimento pra não ser passado pra trás. Afinal, como é que o cidadão vai negociar uma promoção na sua lan house se ele não tiver conhecimento do mercado, com certeza irá perder dinheiro.
No texto, Gilberto fala sobre a ascensão do nosso povo no setor da educação e prevê que em breve a massa tomará as rédeas do nosso país (a imensa maioria dos chefes de famílias da classe C, cerca de 70%, já tem ensino médio e 19% tem ensino superior).


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